segunda-feira, 11 de julho de 2016

A Biblioteca de Babel (resenha)

No conto "A biblioteca de babel", Jorge Luis Borges apresenta para seus leitores como funciona uma grande biblioteca que, no meu ver, não passa de uma forma fictícia de falar sobre a humanidade que está sempre à procura de respostas para tudo na vida. De acordo com o narrador do conto, por mais os homens queiram ler e ter a ideia de tudo que há em todos os livros, isso é impossível, pois nunca haverá um único livro de um único exemplar que possa explicar tudo sobre o mundo e seus segredos.

No início do texto, explora a forma física dessa biblioteca, como ela é, quantas estantes tem e seu número incontável de livros que possuem muitas palavras e muitas letras, as quais podem inclusive ser iguais, mas com significados totalmente diferentes e, por isso, nunca podemos comparar um livro com outro. Para os homens, a biblioteca era um tesouro, tudo poderia ser encontrado por lá, todas as respostas para tudo. Mas, como já sabemos, isso é impossível, então muitos desses homens que estavam sempre atrás de respostas acabavam por se matar, por não encontrar ou não entender tudo que estava lá. Essa relação que existe entre o espaço em que vivemos e a biblioteca fica clara nesse momento, pois os homens que estavam querendo entender tudo que se passa nesse ambiente e o porquê da sua existência somos nós, desejosos de respostas e explicações para tudo, bem como ansiamos uma verdade absoluta.

Para Borges, encontrar um único livro que traga reflexões sobre tudo é ser contemplado pela felicidade plena; além disso, quem conseguir isso irá para o céu. No entanto, como ele nunca encontrou este livro, viveria no inferno. Tendo em vista esta parte do conto, podemos perceber que o autor faz referência a pessoas que veneram os livros, porque, para eles, ali existe a verdade plena de como se deve encarar a vida. Observo e relaciono esse fato com as religiões; para os cristãos, por exemplo, a bíblia tem toda a verdade do mundo e tudo que está escrito ali é o que deve ser seguido para atingir o paraíso, o céu. Como o narrador afirma que iria para o inferno, podemos perceber que, para ele, esse fato não faz sentido, pois várias religiões têm seus "livros sagrados". Não podemos saber qual é o certo e se realmente existe um deles que carregue o segredo para a vida perfeita. Além disso, cada um de nós, independente de religião, tem uma interpretação sobre tudo que lê, então, para mim, nunca poderemos ter uma verdade sobre a vida. Por mais que alguém encontre o livro que explica tudo, nós teremos um modo totalmente diferente de ler e de nos identificarmos com o que está escrito. 

Mayra Herzog
Bolsista do Projeto "Textualidades Babélicas"
Estudante do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Saneamento (IFSC/Campus Florianópolis)


Imagem ilustrativa da parte física da Biblioteca

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