No conto "A biblioteca de babel", Jorge Luis Borges apresenta para seus leitores como funciona uma grande biblioteca que, no meu ver, não passa de uma forma fictícia de falar sobre a humanidade que está sempre à procura de respostas para tudo na vida. De acordo com o narrador do conto, por mais os homens queiram ler e ter a ideia de tudo que há em todos os livros, isso é impossível, pois nunca haverá um único livro de um único exemplar que possa explicar tudo sobre o mundo e seus segredos.
No início do texto, explora a forma física dessa biblioteca, como ela é, quantas estantes tem e seu número incontável de livros que possuem muitas palavras e muitas letras, as quais podem inclusive ser iguais, mas com significados totalmente diferentes e, por isso, nunca podemos comparar um livro com outro. Para os homens, a biblioteca era um tesouro, tudo poderia ser encontrado por lá, todas as respostas para tudo. Mas, como já sabemos, isso é impossível, então muitos desses homens que estavam sempre atrás de respostas acabavam por se matar, por não encontrar ou não entender tudo que estava lá. Essa relação que existe entre o espaço em que vivemos e a biblioteca fica clara nesse momento, pois os homens que estavam querendo entender tudo que se passa nesse ambiente e o porquê da sua existência somos nós, desejosos de respostas e explicações para tudo, bem como ansiamos uma verdade absoluta.
Para Borges, encontrar um único livro que traga reflexões sobre tudo é ser contemplado pela felicidade plena; além disso, quem conseguir isso irá para o céu. No entanto, como ele nunca encontrou este livro, viveria no inferno. Tendo em vista esta parte do conto, podemos perceber que o autor faz referência a pessoas que veneram os livros, porque, para eles, ali existe a verdade plena de como se deve encarar a vida. Observo e relaciono esse fato com as religiões; para os cristãos, por exemplo, a bíblia tem toda a verdade do mundo e tudo que está escrito ali é o que deve ser seguido para atingir o paraíso, o céu. Como o narrador afirma que iria para o inferno, podemos perceber que, para ele, esse fato não faz sentido, pois várias religiões têm seus "livros sagrados". Não podemos saber qual é o certo e se realmente existe um deles que carregue o segredo para a vida perfeita. Além disso, cada um de nós, independente de religião, tem uma interpretação sobre tudo que lê, então, para mim, nunca poderemos ter uma verdade sobre a vida. Por mais que alguém encontre o livro que explica tudo, nós teremos um modo totalmente diferente de ler e de nos identificarmos com o que está escrito.
Mayra Herzog
Bolsista do Projeto "Textualidades Babélicas"
Estudante do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Saneamento (IFSC/Campus Florianópolis)Imagem ilustrativa da parte física da Biblioteca |
que conto espetacular
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