Jesusalém, ermo encravado na savana, em Moçambique, abriga cinco almas
apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali, ensaiam um arremedo de
vida: Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o Tio
Aproximado e o serviçal Zacaria. O passado para eles é pura negação
recortada em torno da figura da mãe morta em circunstâncias misteriosas.
E o futuro se afigura inexistente.
Silvestre afiança aos filhos e ao criado que o mundo acabou e que a
mulher - qualquer mulher - é a desgraça dos homens. Mas um belo dia os
donos do mundo voltarão para reivindicar a terra de Jesusalém. E não só
isso: uma bela mulher também virá para agitar a inércia dos dias
solitários daqueles homens.
Mia Couto é um dos maiores expoentes da literatura africana de expressão
portuguesa. Moçambicano e amante confesso da escrita inventiva do
brasileiro Guimarães Rosa, ele é um artista investido do poder mágico e
poético das palavras. Mas é da alma do povo de seu país, bela, trágica,
alegre, sofrida, enigmática, que este poeta da prosa extrai seu ouro
universal.
Em Portugal, Moçambique e Angola o livro recebeu o título de Jesusalém.
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